Nem toda holding é igual: entenda as diferenças

Nem toda holding é igual: entenda as diferenças

Nem toda holding é igual: familiar protege e organiza bens da família; empresarial gerencia e controla empresas. Escolha depende de objetivos, governança e riscos. Uso incorreto pode gerar conflitos, problemas tributários e prejuízos.

12 de agosto de 2025
4 min de leitura
Nakamura Advogados

Nos últimos anos, a criação de holdings se tornou uma prática cada vez mais comum entre empresários e famílias brasileiras. Essa tendência é positiva: mostra que há maior conscientização sobre a importância da organização patrimonial, sucessória e societária. No entanto, com a popularização do termo, também surgiram equívocos — especialmente quando se considera que nem toda holding serve ao mesmo propósito.

Antes de optar por essa estrutura, é essencial compreender:
holding familiar e holding empresarial são instrumentos diferentes, com objetivos, implicações jurídicas e riscos próprios.

O que é uma holding?

Se refere a uma empresa cuja principal finalidade é deter participação em outras sociedades ou ativos patrimoniais. No Brasil, esse modelo é frequentemente utilizado para:

  • Facilitar a administração de bens;

  • Planejar a sucessão patrimonial e societária;

  • Otimizar a carga tributária de determinadas operações;

  • Estabelecer mecanismos de governança e controle.

Contudo, existem tipos distintos de holdings, e sua adoção deve estar alinhada à realidade e aos objetivos específicos de cada grupo familiar ou empresarial.

Holding familiar: foco patrimonial e sucessório

A holding familiar é uma estrutura voltada à administração e proteção de bens da família — especialmente bens imóveis, participações societárias e investimentos.

Seus principais objetivos são:

  • Facilitar o planejamento sucessório, evitando inventários longos e custosos;

  • Estabelecer regras de gestão e distribuição de rendimentos entre membros da família;

  • Reduzir conflitos entre herdeiros.

É comum que bens imóveis da família sejam integralizados no capital social da holding, permitindo uma gestão centralizada e com melhor organização contábil.

Risco comum: usar uma holding familiar para desenvolver atividade empresarial ativa (como comércio ou serviços) sem a estruturação adequada pode gerar problemas tributários e fiscais.

Holding empresarial: foco estratégico e societário

A holding empresarial, por sua vez, tem como finalidade a organização e controle de participações em empresas operacionais. É uma estrutura estratégica para grupos econômicos, especialmente quando se pretende:

  • Consolidar o controle de várias empresas sob uma única entidade;

  • Melhorar a governança corporativa, separando funções de controle e gestão;

  • Atrair investidores ou preparar o grupo para processos de M&A (fusões e aquisições);

  • Facilitar reorganizações societárias e sucessões empresariais.

Trata-se de uma ferramenta essencial para empresas em expansão ou que desejam profissionalizar sua estrutura societária e tomar decisões com maior eficiência e previsibilidade.

Risco comum: usar uma holding empresarial para fins puramente patrimoniais, sem governança formal ou critérios de compliance, pode gerar confusão patrimonial, desorganização contábil e disputas entre sócios ou herdeiros.

Uma não substitui a outra

Embora ambas sejam úteis, suas funções são distintas:

  • A holding familiar administra bens da família com foco patrimonial e sucessório.

  • A holding empresarial organiza a relação entre empresas, sócios e investidores, com foco na estratégia de negócios.

Usar uma no lugar da outra pode trazer sérias consequências:

  • Conflitos entre herdeiros ou sócios, por ausência de regras claras;

  • Falta de governança ou formalização adequada de decisões;

  • Riscos tributários e autuações fiscais por confusão de finalidade;

  • Perda de eficiência no planejamento sucessório ou societário.

Conclusão: estratégia antes de estrutura

O modelo ideal de holding não depende de modismo nem de soluções prontas. Ele deve ser cuidadosamente desenhado a partir de uma análise técnica que leve em conta:

  • O perfil dos bens e investimentos envolvidos;

  • A relação entre os membros da família ou sócios;

  • Os objetivos de médio e longo prazo (crescimento, proteção, sucessão, liquidez etc.);

  • As exigências fiscais e regulatórias de cada estrutura.

Consulte um especialista em direito societário e planejamento patrimonial para estruturar com segurança. A escolha certa protege o presente e fortalece o futuro — seja da família, seja da empresa.

Dra. Franciele Kazmierski

OAB/SC 48.530

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